domingo, 14 de novembro de 2021

Religiosidade - Por Gustavo Mendonça

Festejos














 

Em Cananéia ainda nos tempos atuais, podemos notar poucas mudanças no decorrer dos séculos quanto às devoções.

Para saber um pouco mais sobre o assunto, fomos até a Dona Durvalina Teresa Mathaes, uma senhora com muita sabedoria e que sempre esteve presente nas festividades, que nos contou detalhes da religiosidade nos tempos de sua infância.

Ela nos conta: _" Quando a gente era criança, a gente frequentava muito as festas, não perdia nada das festas, eram muito mais bonitas…"

Entre os meses de maio e junho ocorria a festa do Divino Espírito Santo, e o padroeiro São joão. Contavam com total participação das pessoas com muita                       devoção.

_"Tinha novena do Divino, de São João que era intercalado até o dia 24 de junho…"

E no mês de agosto, então, era realizada a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, a mais recente, introduzida na cidade no ano de 1909, passou a ser a festa com maior número de fiéis, atraindo pessoas de diversos lugares para assistir a tradicional procissão marítima.

_"A festa de Nossa Senhora, que é muito bonita, uma festa bem frequentada, não só pelo povo daqui; o povo de fora também tem muita devoção…"

Essas manifestações, tradicionais enriquecem a cultura local e é de muita importância, o cuidado e a consciência de preservação dessa tradição histórica que está enraizada na cultura caiçara.

 

Culinária

 

Durante a Semana Santa, tempo de muito respeito; também apresenta costumes que são praticados até os dias atuais, por muitas pessoas, nos conta dona Durvalina:

_" O pessoal tinha muito respeito, principalmente na Sexta-feira da Paixão; na minha casa, principalmente, meu pai não deixava pegar em vassoura para varrer casa…"As restrições não se limitavam somente nos afazeres de casa, também alguns alimentos eram evitados:

_"A carne, a gente não comia mesmo, era muito respeitado, comia mais o peixe, camarão e muita gente passava só com canjica…"

Muitos costumes hoje em dia não são mais praticados, caem no esquecimento; a falta de interesse na perpetuação dessas "maneiras caiçaras" contribuem para a perda da identidade local e o empobrecimento da cultura.

 

Movimentos coletivos

 

Sobre os movimentos coletivos dentro do tema da religiosidade, fomos entrevistar a Maria Aparecida Rangel, que tem muita experiência no assunto, pois trabalhou como secretária  paroquial por mais de 20 anos.

Ela nos contou um pouco dos seus conhecimentos caiçaras, sobre os espaços onde vive, a natureza, seus primeiros contatos com os movimentos sociais. Para Cida, como é conhecida e chamada por todos, os trabalhos das irmãs religiosas na cidade, antes de existir um padre fixo, foi fundamental, pois elas promoviam encontros de mulheres para costurar, conversar             sobre a vida, e as crianças também acompanhavam, diz Cida:

_"Ali eu participava muito, então elas me convidaram para eu trabalhar com crianças, com tipo de catequese…"

Partindo desse começo, essa experiência a incentivou de forma decisiva na facilidade de trabalhar com crianças, jovens e adultos.

Tempos depois com a posse do padre João XXX em Cananeia, em 16 de junho de 1974, passou a ser secretária paroquial, onde auxiliou desde o princípio o atendimento das pessoas locais em suas dificuldades, dos mais diversos assuntos.

Quando o padre João XXX assume a Paróquia, um dos primeiros trabalhos foi o de organizar a Paróquia em comunidades, surgiu desse início os primeiros trabalhos pastorais, e outros movimentos como o Grito dos Excluídos; um ato público realizado todos os anos no dia sete de setembro, tendo por finalidade trazer os problemas sociais e reivindicar melhoras para as situações negativas do povo.

Cida trabalhou muitos anos à frente da Pastoral da Criança em Cananeia, ela nos conta:

_" A Pastoral da Criança foi um trabalho muito lindo…"

_"Atendia às crianças, principalmente as desnutridas, inclusive as mães…"

De modo geral, essas atividades contribuíram para o despertar das pessoas para a importância do cuidado com o próximo, de modo que a vida coletiva seja mais saudável.

 

Mestres(as)

 

Durvalina Teresa Mathaes 

Maria Aparecida Rangel

 

Portanto, nos dias atuais, com a facilidade da comunicação e da dispersão de informações, a juventude é convidada a reconhecer a si própria como parte da cultura de onde vive.

Lançar um olhar para suas raízes vai muito além de folhear livros de história; é sobre dialogar com as pessoas de mais idade, possuidoras de rica sabedoria, criar conexões e absorver o conhecimento que essas pessoas possuem. Só assim, conhecendo a nossa cultura, nossos costumes e crenças, é que aprenderemos a valorizar e ter orgulho de nossas raízes.

  

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