Festejos
Em
Cananéia ainda nos tempos atuais, podemos notar poucas mudanças no decorrer dos
séculos quanto às devoções.
Para
saber um pouco mais sobre o assunto, fomos até a Dona Durvalina Teresa Mathaes,
uma senhora com muita sabedoria e que sempre esteve presente nas festividades,
que nos contou detalhes da religiosidade nos tempos de sua infância.
Ela
nos conta: _" Quando a gente era criança, a gente frequentava muito as festas, não
perdia nada das festas, eram muito mais bonitas…"
Entre
os meses de maio e junho ocorria a festa do Divino Espírito Santo, e o
padroeiro São joão. Contavam com total participação das pessoas com muita
devoção.
_"Tinha novena do Divino, de São João que
era intercalado até o dia 24 de junho…"
E
no mês de agosto, então, era realizada a festa de Nossa Senhora dos Navegantes,
a mais recente, introduzida na cidade no ano de 1909, passou a ser a festa com
maior número de fiéis, atraindo pessoas de diversos lugares para assistir a
tradicional procissão marítima.
_"A festa de Nossa Senhora, que é muito
bonita, uma festa bem frequentada, não só pelo povo daqui; o povo de fora
também tem muita devoção…"
Essas
manifestações, tradicionais enriquecem a cultura local e é de muita
importância, o cuidado e a consciência de preservação dessa tradição histórica
que está enraizada na cultura caiçara.
Culinária
Durante
a Semana Santa, tempo de muito respeito; também apresenta costumes que são
praticados até os dias atuais, por muitas pessoas, nos conta dona Durvalina:
_" O pessoal tinha muito respeito,
principalmente na Sexta-feira da Paixão; na minha casa, principalmente, meu pai
não deixava pegar em vassoura para varrer casa…"As
restrições não se limitavam somente nos afazeres de casa, também alguns
alimentos eram evitados:
_"A carne, a gente não comia
mesmo, era muito respeitado, comia mais o peixe, camarão e muita gente passava
só com canjica…"
Muitos
costumes hoje em dia não são mais praticados, caem no esquecimento; a falta de
interesse na perpetuação dessas "maneiras caiçaras" contribuem para a
perda da identidade local e o empobrecimento da cultura.
Movimentos coletivos
Sobre
os movimentos coletivos dentro do tema da religiosidade, fomos entrevistar a
Maria Aparecida Rangel, que tem muita experiência no assunto, pois trabalhou
como secretária paroquial por mais de 20 anos.
Ela
nos contou um pouco dos seus conhecimentos caiçaras, sobre os espaços onde
vive, a natureza, seus primeiros contatos com os movimentos sociais. Para Cida,
como é conhecida e chamada por todos, os trabalhos das irmãs religiosas na
cidade, antes de existir um padre fixo, foi fundamental, pois elas promoviam
encontros de mulheres para costurar, conversar
sobre a vida, e as crianças também acompanhavam, diz Cida:
_"Ali eu participava muito, então elas me
convidaram para eu trabalhar com crianças, com tipo de catequese…"
Partindo
desse começo, essa experiência a incentivou de forma decisiva na facilidade de
trabalhar com crianças, jovens e adultos.
Tempos
depois com a posse do padre João XXX em Cananeia, em 16 de junho de 1974,
passou a ser secretária paroquial, onde auxiliou desde o princípio o
atendimento das pessoas locais em suas dificuldades, dos mais diversos
assuntos.
Quando
o padre João XXX assume a Paróquia, um dos primeiros trabalhos foi o de
organizar a Paróquia em comunidades, surgiu desse início os primeiros trabalhos
pastorais, e outros movimentos como o Grito dos Excluídos; um ato público
realizado todos os anos no dia sete de setembro, tendo por finalidade trazer os
problemas sociais e reivindicar melhoras para as situações negativas do povo.
Cida
trabalhou muitos anos à frente da Pastoral da Criança em Cananeia, ela nos
conta:
_" A Pastoral da Criança foi um
trabalho muito lindo…"
_"Atendia às crianças,
principalmente as desnutridas, inclusive as mães…"
De
modo geral, essas atividades contribuíram para o despertar das pessoas para a
importância do cuidado com o próximo, de modo que a vida coletiva seja mais
saudável.
Mestres(as)
Durvalina
Teresa Mathaes
Maria
Aparecida Rangel
Portanto,
nos dias atuais, com a facilidade da comunicação e da dispersão de informações,
a juventude é convidada a reconhecer a si própria como parte da cultura de onde
vive.
Lançar
um olhar para suas raízes vai muito além de folhear livros de história; é sobre
dialogar com as pessoas de mais idade, possuidoras de rica sabedoria, criar conexões
e absorver o conhecimento que essas pessoas possuem. Só assim, conhecendo a
nossa cultura, nossos costumes e crenças, é que aprenderemos a valorizar e ter
orgulho de nossas raízes.
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